Game of Thrones: Kingsroad frustra com microtransações em RPG de mundo aberto

Games
  • RPG de Game of Thrones traz mundo aberto fiel e atmosfera envolvente.
  • Microtransações não cosméticas surgem após longas horas de jogo.
  • Jogo adota estrutura de gacha com múltiplas moedas e recursos pagos.
  • Versão antecipada custa R$ 109,99 mesmo com sistema agressivo de monetização.

Game of Thrones: Kingsroad tinha potencial para ser o grande RPG de mundo aberto da franquia, mas escolheu seguir por um caminho familiar – e criticado – entre os jogos modernos. Apesar de entregar uma ambientação fiel ao universo da série da HBO, o jogo escorrega ao adotar um sistema de microtransações não cosméticas que só se revela após dezenas de horas de progressão.

Atmosfera convincente, mas sem tradição

Logo de início, Kingsroad impressiona com sua fidelidade ao clima sombrio de Westeros. O título permite explorar todo o continente, oferecendo uma experiência que muitos fãs sempre sonharam: cavalgadas até Winterfell, entrada triunfal em Porto Real e a sensação de realmente viver no universo de Game of Thrones. O tom dos diálogos e a ambientação visual estão mais próximos da série de TV do que dos livros, mas cumprem bem seu papel.

No entanto, o jogo tropeça ao romper com a tradição da franquia. Para alimentar seu modelo de jogo estilo gacha, a obra insere inimigos como grifos, dragões e até galos de batalha – figuras estranhas ao universo criado por George R.R. Martin. A ruptura da lógica narrativa incomoda, especialmente quando monstros surgem em momentos desconexos, comprometendo a imersão.

Mundo aberto com limitações estatísticas

Embora se apresente como um RPG de ação com mundo aberto, Kingsroad acaba sendo limitado em sua estrutura de combate. Os confrontos são fortemente baseados em estatísticas, como pontos de defesa e saúde, deixando de lado a habilidade manual. O sistema exige que jogadores maximizem níveis e equipamentos para progredir, o que abre espaço para o segundo grande problema: as microtransações.

O combate utiliza travamento de câmera e esquivas simples, mas o verdadeiro desafio está em manter seus recursos de RP e Momentum, usados para desbloquear missões e conteúdos principais. E como se adquire mais desses recursos? Com moedas virtuais — mais de dez tipos diferentes —, muitas delas obtidas por ações in-game ou diretamente com dinheiro real.

Microtransações camufladas e recursos escassos

O título da Netmarble é estruturado para esconder seu modelo de monetização nas primeiras horas. Segundo Alejandro Pascual, do portal 3DJuegos, é possível jogar por cerca de 15 horas sem que os recursos pagos se tornem escassos. Quando isso ocorre, o jogador já está imerso no universo e mais suscetível a pagar por mais RP ou Momentum para seguir na narrativa ou obter equipamentos raros.

O preço também é polêmico: mesmo com o jogo sendo free-to-play no lançamento completo, a versão de acesso antecipado custa R$ 109,99, o que gerou críticas à estratégia de cobrar por um game recheado de mecânicas pagas que impactam diretamente a progressão.

História rica, mas engessada por monetização

Kingsroad tenta compensar sua estrutura gacha com uma narrativa envolvente. A ambientação, o uso da trilha sonora da série e a sensação de liberdade ao explorar Westeros são, de fato, pontos positivos. No entanto, a presença constante de menus, sistemas fragmentados e moedas artificiais que travam a progressão acabam sabotando a imersão.

Mesmo ações simples como revisar o tutorial geram recompensas, evidenciando o quanto o jogo é desenhado para manipular a dopamina do jogador. Isso, somado a uma estrutura de monetização agressiva, faz de Kingsroad um título que pode afastar quem busca uma experiência mais tradicional e justa.